Ministra do STJ envia acusação contra Alckmin para Justiça Eleitoral de SP

Publiciado em 11/04/2018 as 19:18


A ministra do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Nancy Andrighi, relatora de um inquérito sobre o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), decidiu nesta quarta-feira (11) enviar a investigação para Justiça Eleitoral de São Paulo. O caso está em sigilo. A investigação foi aberta no STJ em novembro do ano passado a pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República) com base em delações de executivos da empreiteira Odebrecht. Os delatores disseram ter acertado com Alckmin e repassado à sua campanha valores superiores a R$ 10 milhões por meio de caixa dois.

Dois dias após Alckmin deixar o governo de São Paulo, a força-tarefa da Operação Lava Jato no Estado pediu ao vice-procurador-geral da República que a investigação sobre supostas propinas pagas ao tucano deixe de ser feita no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e passe a ser tocada na primeira instância, em São Paulo. O argumento da força-tarefa é que, ao abdicar do cargo de governador, Alckmin deixou de ter foro especial, pelo qual só poderia ser investigado pelo STJ. 

Os valores supostamente repassados ao tucano teriam sido entregues em 2010 e 2014 para campanhas eleitorais, ainda de acordo com os delatores da Odebrecht. A narrativa da suposta propina foi feita por três executivos da empreiteira: Benedicto Junior, Carlos Armando Paschoal e Arnaldo Cumplido de Souza e Silva.

Paschoal, conhecido como CAP, disse ter dado R$ 2 milhões ao cunhado de Alckmin em 2010 e contou que o suposto acerto envolveu diretamente o tucano. CAP afirmou que esteve com Alckmin e, depois de citar de citar outro intermediário, o tucano entregou um cartão do cunhado para ele com a orientação de que podia acertar o que havia sido combinado. Benedicto Jr. afirmou na delação que a Odebrecht fez os pagamentos ilícitos em troca de favores em obras do Metrô e de saneamento.

No ofício encaminhado ao vice-procurador-geral da República, Luciano Mariz Maia, que atua nos casos do STJ, a equipe da Lava Jato em São Paulo pede que "as investigações sob atribuição de Vossa Excelência sejam encaminhadas a esta força-tarefa com urgência, tendo em vista o andamento avançado de outras apurações correlatas sob nossa responsabilidade".

No mesmo dia em que Alckmin deixou o governo, a Polícia Federal prendeu o engenheiro Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, acusado de ser arrecadador de recursos ilegais para campanhas tucanas em São Paulo. Os procuradores da Lava Jato têm criticado o foro privilegiado com a alegação de que as investigações em tribunais superiores são mais lentas do que na Justiça de primeira instância, o que resulta em impunidade porque os crimes acabam prescritos.