Com amigos réus, Temer diz que não se incomodará com críticas

Publiciado em 12/04/2018 as 19:31


No momento em que amigos próximos viram réus por suspeitas de irregularidades, o presidente Michel Temer afirmou nesta quinta-feira (12) que não se incomodará com críticas.

Em discurso, durante reunião da nova equipe ministerial, ele disse que, mesmo diante de protestos e ataques, o seu mandato não sofrerá abalos ou interrupções.

"Não vamos nos incomodar com as críticas, não vamos nos incomodar com aqueles que querem dizer que não pode. Nós vamos em frente, enquanto as pessoas protestam, a caravana do governo vai trabalhando", disse.

Na última segunda-feira (9), foi aceita denúncia de organização criminosa contra o coronel João Baptista de Lima Filho e o advogado José Yunes.

E, nesta quinta-feira (12), a Folha de S.Paulo revelou que a arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher do coronel, pagou em dinheiro vivo despesas de reforma na casa de uma das filhas do presidente.

Em conversas reservadas, o presidente tem reclamado do que tem chamado de "cerco jurídico" e viajará nesta quinta-feira (12) a São Paulo para conversas com sua equipe jurídica.

Ele também tem reclamado das críticas feitas por colunistas da imprensa à sua administração, sobretudo às vésperas do processo eleitoral.

No pronunciamento, de quase 40 minutos, Temer fez uma espécie de balanço de seu governo e ordenou que a nova equipe ministerial respeite as teses de seu mandato e não abandone programas em andamento.

Segundo ele, não é "admissível" fazer neste momento alterações estruturais nas pastas e mudanças em iniciativas implementadas pelo atual governo.

"Eu ressalto muito a palavra continuidade, porque às vezes um ministro pode chegar e entender que pode modificar programas e a estrutura. Isso, neste momento, devo alertar, não é razoável e nem admissível", disse.

Ele mencionou ainda que o teto de gastos não afetou os investimentos em saúde e educação e citou o que considera realizações nas áreas social e econômica.

Segundo ele, a intervenção no Rio de Janeiro tem apresentado uma sensível redução nos crimes, mas não é possível resolver a questão de uma hora para outra.

"Muitas vezes, ela não produz resultado de um dia para o outro. As coisas têm um ritmo. E um rimo muito célere", disse.

No discurso, porém, não mencionou o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), que seu governo não conseguiu solucionar até o momento, e as mortes em penitenciária em Belém, sobre as quais ele não lamentou.

Na área econômica, ele citou os saques do PIS/Pasep,a lém de medidas para ajudar os municípios em 2016 e em 2017.

Ele também defendeu a privatização da Eletrobrás, mas rejeitou tratar a venda de ações da companhia estatal pelo termo "privatização" e chamou de "aumento da presença privada" na empresa.

A proposta polêmica tem sofrido rejeição na Câmara dos Deputados, inclusive junto à base aliada, que não quer votá-la antes das eleições deste ano.