Soja brasileira gera tensão em guerra comercial entre EUA e China

Publiciado em 19/08/2019 as 15:52

Um dos principais produtos agrícolas brasileiros, a soja, se tornou um novo ponto de tensão entre o presidente americano, Donald Trump, e o governo chinês.

Em retaliação à alta de tarifas sobre bens industrializados da China, o governo de Xi Jinping passou a tributar em 25% diversos produtos agrícolas americanos, entre eles a soja.

 

Quem acabou ganhando com isso, pelo menos no curto prazo, foi a soja brasileira. Como o grão americano ficou mais caro, a China substituiu as compras dos EUA pelo produto do Brasil. Com isso, nosso país se tornou o maior exportador de soja para China – e do mundo – ultrapassando os EUA.

Segundo a imprensa americana, Donald Trump não encarou com naturalidade essa troca. O assunto foi amplamente noticiado na semana passada pelos principais veículos americanos.

Segundo reportagem da emissora CNN, o presidente dos EUA estaria "insatisfeito" com a China por causa da substituição da importação de soja americana pela brasileira.

 

Uma reportagem da revista Forbes diz que a compra de soja do Brasil é uma decisão política, não só comercial, da China, com o objetivo de punir os EUA e reduzir a importância do país como fornecedor de commodities.

Já o site de notícias Bloomberg, em reportagem de destaque no dia 15 de agosto, afirmou que a China acabara de fazer uma grande encomenda de soja brasileira, em substituição do produto americano.

"A guerra comercial teve início em março de 2018 e, em 2019, houve um aprofundamento da disputa, com aumento de tarifas sobre os mesmos produtos chineses e americanos", disse à BBC News Brasil o gerente de Negociações Internacionais da CNI, Fabrizio Panzini.

"Como o Brasil naturalmente tem uma competitividade na soja e é um dos poucos players internacionais, junto com os Estados Unidos e Argentina, é natural que uma queda de exportação dos EUA leve a um aumento da exportação do Brasil."

 

O avanço da soja brasileira e o consequente prejuízo que isso traz para os produtores é apontado como fator adicional de discórdia entre Trump e Xi Jinping.

Uma das condições de Trump para negociar a retirada de tarifas sobre produtos chineses era a China passar a comprar mais produtos agrícolas americanos.

O acordo que ele tentava empurrar para Xi Jinping previa um aumento das importações de grãos e alimentos dos EUA a patamares maiores que os anteriores à guerra comercial – o que prejudicaria outros exportadores de commodities, como o Brasil.

"A proposta de acordo previa que produtos agrícolas dos EUA fossem mais comprados e, nesse cenário, o Brasil poderia sofrer condições mais desfavoráveis que os produtos americanos. Por isso, o grau de incerteza é muito grande", diz o diretor de negócios internacionais da CNI, Fabrizio Panzini.

Mas, até agora, o presidente americano não conseguiu arrancar esse compromisso e tem respondido com aumentos adicionais de tarifas.

 

Do G1