Gualberto repudia insinuação de que deputados não trabalham

Publiciado em 02/04/2019 as 16:28

A insinuação da deputada estadual Kitty Lima (Rede), de que os deputados mais antigos da Assembleia Legislativa de Sergipe não ‘trabalham’ teve repercussão negativa no plenário da Casa. Durante pronunciamento na tribuna nesta segunda-feira, 1º, a deputada novata disse claramente que agora chegou gente para trabalhar. “Não estou dizendo que tem gente que não trabalha, mas que eu estou com muito gás e nosso grupo está querendo trabalhar. Respeito os coleguinhas, mas se ficarem com piadinhas, vamos ter que bater de frente mesmo”, afirmou Kitty.

De imediato, o deputado Francisco Gualberto (PT), vice-presidente da Casa, rebateu as acusações. “É nosso estilo reagir a coisas que incomodam a todos nós. A parlamentar disse o seguinte: ‘na cadeira onde sento não tem o equipamento para eu votar, ou não tinha, mas agora terá porque chegou quem trabalha’. Então, eu fiquei comovido com a inocência, ou inexperiência ou arrogância em demasia. Mas vou preferir deixar pairando qual palavra se encaixa nesta declaração”, apontou Gualberto.

“Existem várias formas de trabalho. Aqui é uma Casa de plurais, de pessoas diferentes, com estilos e temperamentos diferentes, com programação de mandatos diferentes. E do mesmo jeito que o trabalho de um tem valor, o do outro também tem. Se um não participa de rede social, seu trabalho não deixa de ter valor. Se outro acredita nesse instrumento, o trabalho dele terá o seu valor”, continuou o deputado.

Como exemplo, Francisco Gualberto citou alguns dos deputados mais experientes que permanecem na casa com vários mandatos, entre três e seis, como é o caso de Garibalde Mendonça, Zezinho Guimarães, Goreti Reis, Maria Mendonça e outros. “Será que eles trabalharam pelo estado de Sergipe e pela população e chegaram a esses mandatos todos? Ou chegaram a esses mandatos por não terem trabalhado?”, indagou Gualberto, também citando outros mais recentes, como o próprio líder da oposição, Georgeo Passos, que está no seu segundo mandato desempenhando um trabalho intenso.

“Quero trazer a minha solidariedade a todos os 12 deputados que permaneceram na Alese após o resultado da última eleição. E também trazer uma mensagem de incentivo aos 12 que chegaram: qualifiquem seus mandatos e não se preocupem com essas avaliações sobre quem trabalha ou não. O trabalho do parlamentar precisa ser analisado do ponto de vista da sua natureza, da sua intenção, do seu perfil”, disse. “Tenho certeza que todos os deputados que assumiram seus mandatos irão executar o seu trabalho. Mas cada um de sua forma. Portanto, meu repudio a esta declaração. Nesses muitos anos aqui nesta Casa nunca havia ouvido dizer que fôssemos preguiçosos”, concluiu, criticando as pessoas que ingressam na vida pública combatendo a política e se apresentando como ‘novo’.

Frouxo – Outra situação discutida por Francisco Gualberto foi a colocação do adjetivo ‘frouxo’, feita por um deputado de oposição, em relação ao governador Belivaldo Chagas (PSD). “Todos os seres humanos ficam magoados com as ofensas. Imagine você estar na liturgia de um cargo de governador e um deputado dizer: ‘esse governador é frouxo’. Essa palavra ultrapassa os limites da análise política”, alertou Gualberto. “Eu não gosto de me esconder. Não sei qual será a minha reação se alguém chegar para mim e dizer que sou um deputado frouxo. É possível que eu exija que ele me bata. Para que ele coloque sua teoria na pratica e provar que sou frouxo”.

Para Gualberto, chamar alguém de frouxo é ofensa moral. “Mas muitas vezes quem chama não tem coragem para nada. Utiliza-se da não reação do outro para fazer isso. Mas apesar da liturgia do cargo, as reações podem acontecer, e muitas vezes fora dos limites do campo da política”, disse.