Proposta pela deputada estadual Kitty Lima (Cidadania), a audiência pública que tratou da tragédia ambiental sofrida pela costa litorânea de Sergipe reuniu autoridades públicas e pescadores de diversas colônias do estado na tarde desta terça-feira, 29, no plenário da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (Alese). 

O debate teve seu pontapé inicial a partir de palestras da diretora-presidente da Fundação Mamíferos Aquáticos, Jociery Eihardt, do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SE), José Robson, e do engenheiro da Administração Estadual do Meio ambiente (Adema), Antonelli Pereira.

A deputada Kitty Lima ressaltou durante a presidência da audiência que o momento tinha como objetivo ouvir os anseios dos representantes das colônias pesqueiras no estado. “Formulamos essa audiência porque entendemos que a situação vivida, principalmente, pelos pescadores, é desastrosa. Temos uma série de pais e mães de famílias passando fome e sem estrutura para sobreviver. O governo federal cruza os braços e age de forma lenta, prejudicando uma cadeia produtiva que não vê saída e nem prazo para ter sua rotina normalizada”, criticou a deputada.

Para o procurador da República Ramiro Rockenbach, a audiência surgiu como uma iniciativa positiva diante da ausência de medidas de proteção por parte do Poder Executivo. “Essa audiência tem uma razão significativa, pois ela mostra que, mesmo diante de todo o esforço do MPF para que existissem medidas de proteção, como elas não ocorreram, o óleo chegou aos nossos estuários, aos nossos rios e agora atinge também os nossos pescadores. É um drama social e os relatos das pessoas se emocionando, com um certo desespero, demonstram que, na verdade, mais que um trabalho, elas estão falando de um modo de vida”, salientou Rockenbach.

O pescador e secretário da Federação dos Pescadores de Sergipe, Marcos Menezes, reclamou do quanto o desastre tem afetado a categoria a partir do avanço do óleo na área de pesca. “Temos sido atingidos de todos os lados por esse óleo. O governo deveria ter se preocupado no final de agosto quando esse óleo começou a aparecer. Segundo alguns especialistas, vai demorar mais de 20 anos para a natureza se recuperar desse desastre”, criticou.

Ao final da audiência, Kitty Lima se comprometeu em permanecer ao lado dos pescadores na defesa dos seus interesses e se prontificou em permanecer somando forças junto aos órgãos fiscalizadores. “Precisamos de mais e mais apoiadores desse movimento, porque aqui discutimos condições de vida, de sobrevivência familiar. Vamos combater a inércia de quem executa e continuar defendendo essa categoria”, concluiu.

Da Ascom