Depressão: a dor da alma que atinge 5,8% dos brasileiros

Publiciado em 03/10/2018 as 16:15


De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 11,5 milhões de brasileiros sofrem com depressão. O índice, que representa 5,8% da população do Brasil, reflete a gravidade da situação. Por vezes, quem está em um quadro depressivo demora para reconhecer o problema, seja por confundir os sintomas com tristeza e apatia passageira ou pelo receio do diagnóstico e dos estigmas sociais que ainda cercam esse transtorno.

Para se ter ideia, o número de atendimentos em decorrência da depressão nos ambulatórios do Sistema Único de Saúde (SUS) subiu 7% de 2015 para 2016 em todo o país. Em Pernambuco, o exemplo dessa situação é o aumento sensível na compra de medicamentos antidepressivos para os serviços de saúde pública. De acordo com informações repassadas por meio da Lei de Acesso à Informação, em 2015 o Estado gastou R$ 132 mil. Já em 2016, os gastos aumentaram 17% e chegaram a R$ 154 mil.

A escalada da doença tanto a nível nacional quanto internacional chama a atenção dos especialistas. “Em 2017, devido ao crescimento de casos, a OMS escolheu a depressão como ‘doença do ano’. A estimava era de que apenas em 2020 ela seria o problema que mais compromete o funcionamento produtivo das pessoas”, alerta a psiquiatra Kátia Petribú, presidente da Sociedade Pernambucana de Psiquiatria.

O quadro também assusta porque os episódios depressivos costumam ser a causa de suicídios tentados ou consumados. “Além de ser uma doença que causa muito comprometimento funcional, a gente perde pessoas jovens e produtivas para o suicídio. Por isso, diante de um paciente com depressão, faz parte da avaliação questioná-lo sobre pensamentos suicidas”, complementa a médica.

A dona de casa Cecília Silva, 74 anos, enfrentou a depressão enquanto se tratava de um câncer. “O início da quimioterapia foi tranquilo. Mas, na medida que ela vai fazendo efeito, a gente sente as consequências e o ego vai balançando”. Ela se refere à imagem refletida no espelho, que minava o estado emocional.

“Só quem passa que sabe como é difícil. E ela (a depressão) toma conta de você de um jeito imperceptível. Quando a gente repara, já está no meio dela”, relata Cecília, que diante desse contexto, teve que morar com a filha. “Não tinha nem condições de ficar sozinha em casa”.