Enfermeira da rede estadual conta por que trocou a enfermaria geral pela ala Covid-19

Publiciado em 12/08/2020 as 18:55

Exemplos de humanidade e respeito ao paciente não faltam entre os profissionais da Rede Estadual de Saúde durante a pandemia do novo coronavírus. Entre estes se encontra a enfermeira do Hospital Regional de Nossa Senhora da Glória, Solânia Alves dos Santos, mais conhecida como "Sol" que optou por trocar a enfermaria geral onde atuava pela enfermaria Covid-19. Levar conforto aos angustiados e amedrontados pacientes infectados foi o que motivou sua decisão.

Ela relata que, no início da pandemia, ainda trabalhando na enfermaria geral, testemunhou um paciente surtar. “Ele estava tão amedrontado, com receio de morrer, que perdeu controle e, quando eu vi o seu estado, entendi que precisava estar com estes pacientes, sabendo do meu potencial de acolhê-los, tranquilizá-los, de tratá-los com respeito e compaixão”, declarou a enfermeira.

Como enfermeira, disse ela, tem vivido experiências que lhe trazem maturidade profissional. O cargo de enfermeira Solânia ocupa há três meses, embora esteja na área como técnica há 15 anos. Entre estas vivências, ela cita o uso de EPIs, que se tornou uma necessidade premente na pandemia. “Antes, embora estivessem disponíveis, não tínhamos o hábito de usar os EPIs, a não ser o mais básico, que são as luvas e  máscaras cirúrgicas. A pandemia nos tirou da zona de conforto e nos mostrou o quanto é necessário estarmos protegidos, tanto para não sermos contaminados, quanto para não infectarmos os pacientes”, observou.

As experiências seguem também o caminho do coração e muitas vezes causam sofrimento. E isso tem acontecido algumas vezes nesta pandemia, sempre que se perde um paciente. Ela destaca entre os casos mais marcantes, um que tem relação com uma colega de trabalho. “O pai de uma funcionária, uma colega, foi internado com a Covid-19 e eu cuidei dele 48 horas ininterruptas porque a colega que me renderia adoeceu na noite anterior, não tendo quem pudesse  substituí-la. O paciente veio a óbito, mas tentamos por duas horas trazê-lo de volta com a tentativa de ressuscitação. Como dizer que seu pai havia falecido? Foi um momento cruciante, fiquei desestabilizada”, lembrou.  

Solânia dos Santos garante que a pandemia trouxe novos aprendizados para os profissionais de saúde, mas um se destaca: o acolhimento tem efeito terapêutico, ajuda no tratamento do paciente. Ela salienta que tem intensificado as orientações para sua equipe, focando na necessidade de o profissional desenvolver empatia com o seu paciente. “A enfermagem precisa e deve ser exercida com amor”, concluiu, salientando que a pandemia veio mostrar a importância dessa profissão.

A área Covid-19 do Hospital Regional de Nossa Senhora da Glória conta com dois leitos no eixo crítico, três na enfermaria, dois na sala de observação (para pacientes que precisam de oxigênio) e um leito de isolamento. Há ainda a estrutura de container, com duas unidades servindo de consultório médico, triagem e sala de observação, segundo informações de Solânia dos Santos.

 

 

 

 

Da ASN