Reunião de Bolsonaro teve Moro escanteado e alvo de indiretas de presidente

Publiciado em 22/05/2020 as 20:47

A reunião ministerial do dia 22 de abril, que teve o sigilo retirado hoje pelo ministro Celso de Mello, do STF, relator de inquérito que apura suposta interferência presidencial na Polícia Federal, mostrou um Sergio Moro acuado e atacado —algumas vezes diretamente, outras de forma velada— pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O ex-ministro da Justiça havia dito que o acesso ao vídeo da reunião ministerial confirmaria seu depoimento à Polícia Federal, no qual acusou o presidente de tentar interferir em investigações conduzidas pela corporação.

A reunião mostra trechos em que o presidente diz querer trocar membros da "segurança", depois de citar a falta de informações vindas da PF, dando a entender que poderia se referir à sua proteção pessoal e de sua família, mas, em seguida, acrescentou que não esperaria para ver amigos se prejudicarem de alguma forma.

Bolsonaro reclamou de o Ministério da Justiça e a Polícia Federal não o informarem da maneira como gostaria.
O mandatário disse que alguns ministros não estariam apoiando suas orientações claramente, capitalizando ganhos pessoais e culpando o presidente por eventuais erros de condução. Citou aliados de primeira hora de Moro, como Álvaro Dias, e parte da imprensa —como o site "O Antagonista"— mais alinhada ao ex-juiz federal.

Também atacou os que se posicionam contra o armamento da população —Moro havia indicado para uma das vagas de suplente no Conselho de Política Criminal a cientista política Ilona Szabó, antiarmamentista que foi vetada por Bolsonaro.

Moro teve apenas uma fala, interrompida três vezes, durante a reunião. Sua atuação foi tímida —elogiou o plano Pró-Brasil, do ministro da Casa Civil, Braga Netto, e os feitos da Justiça e da Segurança Pública.

Moro não havia apoiado a posição de Bolsonaro por priorizar a economia em meio à pandemia e por um isolamento vertical, com grupos etários e de riscos, contra a Covid-19.

Também não se manifestou na troca de comando no Ministério da Saúde, na saída de Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), embora, internamente, apoiasse o ex-titular da pasta.

Logo depois, Bolsonaro é direto ao atacar o Ministério da Justiça sobre prisões por descumprimento de quarentena em alguns municípios.

 

Confira o discurso na íntegra, aqui

 

Do UOL