'Desafio do desodorante': entenda a competição iniciada pelas redes sociais que matou criança no DF
Sarah Raissa teve morte cerebral depois de inalar aerossol como parte da 'trend'

Uma criança de 8 anos morreu depois de inalar um desodorante aerossol como parte de um desafio compartilhado nas redes sociais. Após a inalação, que aconteceu na última quinta-feira (10), Sarah Raissa Pereira de Castro sofreu uma parada cardiorrespiratória e foi socorrida no Hospital Regional de Ceilândia (HRC). Contudo, apesar das tentativas da equipe médica de reanimá-la, teve morte cerebral.
A "trend" chamada de "desafio do desodorante" consiste em uma batalha para ver quem consegue inalar grandes quantidades do produto químico no menor tempo. Neste domingo (13), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) instaurou um inquérito para que a morte de Sarah fosse apurada.
Por que o desafio é mortal?
Ao adentrar no corpo, a substância inalada é levada pelas vias respiratórias aos pulmões, órgãos extremamente vascularizados que, com facilidade, acaba caindo na corrente sanguínea e chega ao coração, provocando uma arritmia cardíaca. O coração deixa de bombear corretamente sangue para o corpo e acaba perdendo totalmente a função em pouco tempo, levando a uma parada cardíaca e óbito em poucos minutos.
Por conter em sua fabricação substâncias químicas antissépticas, que reduzem odores, incluindo ácido clorídrico, e outras substâncias tóxicas, o produto ainda pode queimar e deteriorar veias importantes dentro do organismo. A pessoa pode sofrer uma reação alérgica severa, como edema de glote, quando a garganta se fecha completamente, comprometendo a entrada e saída do ar causando asfixia.
Também é letal em razão do alto teor de etanol (álcool) presente em qualquer tipo de desodorante. Sendo até 90% maior do que o encontrado em bebidas alcoólicas como uísque ou absinto.
Especialistas garantem que inalar esse ar é o mesmo que estar colocando para dentro de seu organismo um ar sem oxigênio, apenas com substâncias tóxicas, o que pode causar também uma inflamação da laringe. A sensação do desafio do desodorante é semelhante com a do afogamento.
Outra tendência, chamada de “chroming” ou "huffing", consiste em inalar vapores tóxicos de itens domésticos. Neste desafio, além de desodorantes aerossóis, também são usados esmaltes de unhas, marcadores permanentes, tinta metálica, sprays de limpeza de computador, limpador de carburador, solventes de tinta, gasolina e spray de cabelo. Algo que todos esses inalantes têm em comum é que são fáceis de acessar.
Segundo especialistas, os efeitos imediatos do "chroming" são semelhantes também aos de uma intoxicação alcoólica, podendo haver uma mistura de euforia com tontura, falta de coordenação, fala arrastada ou desinibição. Náusea, vômito, problemas cardíacos, convulsões, fraqueza muscular, sonolência ou dificuldade para respirar.
O que fazer em casos de emergências?
Em casos como esses, devido à gravidade da situação, a criança precisa ser levada imediatamente para um pronto-socorro, pois ela precisará de inalação ou intubação.
Médicos afirmam que é importante não provocar o vômito em casos de ingestão de produtos tóxicos ou alcoólicos, pois pode piorar a obstrução das vias aéreas. Também não se deve oferecer nada às crianças sem antes buscar ajuda especializada.
Fonte: Folha de PE
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