Projeto Rondon leva alunos e professores da Unit ao interior do Amazonas
Grupo formado por vários cursos vai ministrar oficinas de capacitação e serviços na cidade de Urucurituba, cujo acesso é feito apenas pelo Rio Amazonas; projeto busca atender as demandas das comunidades locais

Um grupo de professores e estudantes da Universidade Tiradentes (Unit) vai participar, a partir da próxima semana, de mais uma operação do Projeto Rondon, iniciativa coordenada pelo Ministério da Defesa que promove 15 dias de ações e projetos de extensão universitária em comunidades e pequenas cidades do interior do Brasil. Dois docentes e oito alunos dos cursos de Medicina, Psicologia, Fisioterapia, Educação Física, Nutrição, Direito, Odontologia e Gastronomia vão implementar e executar oficinas e ações de capacitação em Urucurituba, cidade de 24 mil habitantes que fica no leste do Amazonas, a mais de 300 quilômetros da capital Manaus.
A missão faz parte da Operação Amazonas, a ser realizada entre os dias 8 e 25 de julho. Durante este período, os rondonistas da Unit farão parte do chamado Conjunto A, que engloba iniciativas nas áreas de cultura, direitos humanos, justiça, educação e saúde. Eles trabalharão em conjunto com uma equipe da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), de Uberaba (MG), que estará responsável pelo Conjunto B, dedicado às áreas de agricultura, tecnologia e produção, meio ambiente e trabalho.
Esta é considerada uma das operações mais desafiadoras da Unit no Rondon. O fator que mais chama atenção é o único meio de transporte pelo qual se tem acesso a Urucurituba: pelo Rio Amazonas, através de barcos, navios e balsas que saem da cidade mais próxima, Itacoatiara, ou mesmo de Manaus. “A gente vai levar o que conhecemos, mas também aprender muito com essa comunidade ribeirinha. Toda forma de chegar até esse município é fluvial. A gente vai entender um pouco como isso funciona, toda a parte de saúde e toda assistência dada a essa comunidade”, adianta Isabelle Brito, professora dos cursos de Nutrição e Gastronomia da Unit e coordenadora da equipe rondonista na operação.
Como parte da preparação prévia para o envio dos alunos, os professores fizeram uma viagem precursora à cidade no início do mês de maio, quando visitaram a cidade, conversaram com os gestores da prefeitura local e observaram in loco as necessidades da população. Daí, foi construído um projeto interdisciplinar, com cerca de 35 oficinas e ações voltadas para a saúde, educação, cultura e o meio ambiente, incluindo alfabetização, capacitação profissional, educação ambiental, campanhas de vacinação, saúde mental, prevenção de doenças e resgate de culturas locais. O projeto da Unit foi classificado em sexto lugar dentre 22 instituições de todo o Brasil, sendo o único do Nordeste.
Para o professor Nivaldo Moscoso, do curso de Direito, que estará pela primeira vez no Rondon, esta é uma oportunidade de integrar uma região do Brasil que necessita de serviços sociais básicos. “A ideia é que essa interdisciplinaridade entre as ciências possa contribuir para uma evolução emancipatória daquelas comunidades. Nós não estamos desenvolvendo uma perspectiva assistencialista, mas sim formando replicadores de conhecimento e deixando para essas comunidades os produtos finais em todos os nossos trabalhos. E aí nós vamos estar desenvolvendo uma série de oficinas que versam sobre esse potencial da extensão enquanto pilar da base universitária brasileira”, diz ele.
Demandas da população
Entre as demandas identificadas junto a população de Urucurituba, estão as por capacitações sobre primeiros socorros, relações interpessoais, saúde mental, mediação de conflitos e identificação relacionada aos primeiros distúrbios de aprendizagem e a alunos com necessidades especiais. Um dos projetos que serão levados para lá envolve a capacitação de gestores e profissionais de várias áreas, como educação, saúde e segurança, para a resolução de conflitos através da mediação e da negociação. A Unit desenvolve um trabalho de preparação dos alunos neste sentido, tendo conquistado pela terceira vez a Competição Estadual de Mediação promovida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SE).
“Nesses locais, como o acesso à justiça é muito difícil, nós estamos apresentando a esses municípios e treinando replicadores dentro da gestão municipal para que eles possam trabalhar com a mediação de conflitos e também com práticas circulares de justiça restaurativa. A mediação de conflitos é um método adequado de resolução tão eficaz quanto a própria decisão judicial. Em um local onde a gente tem dificuldade de ter a presença de um magistrado, um promotor de justiça e muitas vezes até de um advogado ou defensor público, é interessante que existam profissionais capacitados para resolução de conflitos”, argumenta Nivaldo, acrescentando que o projeto já despertou o interesse de órgãos como a Defensoria Pública Estadual do Amazonas.
Outros projetos estão relacionados à capacitação de merendeiras e serventes de hospitais, escolas e outros espaços que lidam com a manipulação de alimentos. “Vamos falar um pouco de manipulação e higiene dos alimentos e trazer também um pouco desse equilíbrio nutricional, reduzindo a quantidade de sódio, reduzindo a quantidade de açúcares, gorduras e trazendo alternativas. Não é só reduzir, mas é de que forma a gente pode transformar para que a gente possa ter a mais saudáveis, mas com uma textura saborosa e com apresentação bem interessante”, explica Isabelle, que também vai propor uma “fusão gastronômica e cultural” entre o Norte e o Nordeste. “Estamos levando doces típicos e alguns outros produtos da nossa região para fazer uma grande mostra, uma grande feira cultural”, adianta.
A estudante Maria Beatriz Conceição Guimarães, do 7° período de Odontologia, vai atuar em oficinas relacionadas a saúde bucal, saúde sistêmica e educação escolar, além de cuidar da organização, da contagem de pessoas, da entrega de produtos finais e da elaboração de relatórios diários. É a sua primeira vez no Rondon, mas já pretendia participar por inspiração de uma tia, que era missionária religiosa e passava longos períodos fazendo trabalhos sociais e de evangelização em países da África e da Ásia, muitos deles destruídos por guerras e desastres naturais.
“A vida dela foi essa. O cuidar, o ensinar e aprender, acolher, levar esperança.... Isso sempre me encheu de orgulho e eu sempre quis seguir esse caminho. O Rondon está me dando a oportunidade de ser um pouco como ela. Claro que não é um país esquecido pela guerra nem nada do tipo. Mas o fato de estar lá, levar meus conhecimentos, aprender com eles, cuidar da população.... Eu me sinto como se estivesse começando a caminhar os passos dela e isso não tem preço”, emociona-se Beatriz.
Outras participações
Esta será a 13ª participação da Unit no Projeto Rondon desde a sua retomada nacional, em 2005. A última delas aconteceu no ano passado, na Operação Sentinelas Avançadas II, quando a equipe da Unit esteve em Governador Jorge Teixeira, interior de Rondônia.
Ao todo, a Operação Amazonas vai reunir 276 professores e estudantes universitários de 26 instituições de ensino superior de todo o Brasil, acompanhados por oficiais das Forças Armadas. Eles estarão distribuídos por 12 municípios do interior do Amazonas, além de Manaus e de um Navio de Assistência Hospitalar (Nash) disponibilizado pela Marinha, que irá navegar pelas comunidades ribeirinhas do estado.
Autor: Gabriel Damásio
Fonte: Asscom Unit
A cidade de Urucurituba, no leste do Amazonas, tem 24 mil habitantes e é acessível apenas pelo rio Amazonas (Altenir - Obra do próprio/Wikipedia, CC BY-SA 4.0)
A equipe de rondonistas da Unit que vai participar da Operação Amazonas, do Projeto Rondon, com os professores Nivaldo Moscoso e Isabelle Brito (Divulgação/Unit)
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