Streaming continua em alta, mas público presencial volta a crescer nos espetáculos

Pesquisa sobre hábitos no consumo de produtos culturais mostra que mais da metade do público prefere plataformas de streaming, mas a presença do público em peças, shows e eventos presenciais também aumentou em relação ao ano anterior

Publiciado em 23/03/2024 as 10:00
Cottonbro Studio/Pexels

O uso de plataformas digitais de streaming para ver filmes, séries e shows continua com uma grande preferência do público, mas também divide espaço com os espetáculos presenciais, cujo público voltou a crescer após a pausa forçada pela pandemia. É o que aponta a quarta edição da pesquisa “Hábitos culturais”, realizada pela Fundação Itaú e pelo instituto Datafolha, a partir de 2.405 entrevistas feitas em setembro do ano passado com pessoas entre 16 e 65 anos.


Os resultados mostraram que 82% dos entrevistados preferem usar o virtual para consumir música e 74% para assistir a produtos audiovisuais, através de plataformas como Netflix, Amazon Prime, YouTube ou Spotify. Outros 48% ouvem podcasts e 42% lêem livros digitalmente, através dos chamados e-books. Estes hábitos tiveram um aumento em relação à edição anterior da mesma pesquisa, em 2022, quando os consumidores de música eram 80%, os de audiovisual eram 70%, os de podcasts eram 42% e os de e-books, 30%. E a maior adesão às plataformas digitais vem principalmente dos jovens entre 16 e 24 anos.


Segundo o professor Matheus Luamm Formiga Bispo, do curso de Pedagogia da Universidade Tiradentes (Unit), a vivência do processo pandêmico ensinou e convidou o público a viver o mundo e a consumir elementos, inclusive os culturais, de formas diferentes, usando as próprias plataformas e também as redes sociais.


“Nesta vivência, começamos a consumir mais filmes por meio de aplicativos, participamos de várias lives musicais, shows, como também de bate-papos interativos. O Instagram aumentou o número de bate-papo e lives e permaneceu com uma tendência. Também há o facilitamento na compra virtual de material. Ela permite que a gente tenha até mesmo a economia e a maior variedade. E o consumo de e-books, que geralmente tem um preço menor do que o livro físico, como também a facilidade de arquivá-lo”, explica Luamm.


Por outro lado, também houve crescimento do público que prefere comparecer pessoalmente aos espetáculos culturais, cujos eventos presenciais foram retomados gradualmente, a partir do final de 2021. Na pesquisa “Hábitos Culturais” de 2023, 45% dos participantes disseram frequentar espetáculos presenciais de teatro, música e dança, contra os 18% da edição de 2022 - um aumento de 27 pontos percentuais. O índice de frequentadores de cinemas foi de 26% para 33%, enquanto o de museus subiu de 8% para 26%, o do teatro infantil foi de 18% para 24%, o dos centros culturais foi de 11% para 19% e o dos saraus de poesia, música ou literatura foi de 6% para 12%.


Matheus acredita que esse crescimento aconteceu devido ao tempo de isolamento social e pela necessidade que o ser humano tem de contatar, socializar e conviver com outras pessoas. Ele ressalta também que os dois tipos de hábitos de consumo de cultura podem complementar um ao outro. “A partir da medida que nós nos adaptamos também como um elemento humano, nós conseguimos participar de diferentes realidades. Nós conseguimos estar presentes no trabalho, como também participar de reuniões virtuais para facilitar o deslocamento, horário, etc. Conseguimos participar de eventos fora da cidade, fora do nosso estado, por meio do digital, diz o professor.


A pesquisa perguntou ainda quais são os principais motivos que levam as pessoas a consumirem produtos e atividades culturais. Dentre os entrevistados, 28% citaram a convivência e interação com outras pessoas; 23% evocaram a distração, diversão e lazer; 20% para adquirir conhecimento; 12% para conhecer novos lugares; 12% para estar com a família e os filhos; e 11% por novas experiências.


“Quanto mais nos enriquecemos do elemento cultural em diferentes perspectivas, conseguimos afetar positivamente a nossa sanidade mental e contribuir em outras esferas. Quando estamos enriquecidos de música, de literatura, de dança, teatro, cinema, além da saúde mental, a gente consegue aumentar repertório cultural, repertório vocabular. Temos interações com novas pessoas, o nível de socialização também cresce, além de favorecer, de acariciar mente e coração, com as riquezas que os elementos culturais podem nos potencializar”, conclui Luamm.


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