Linda participa da formação política 'Interseccionalidade: feminismos e transativismos'

Publiciado em 26/03/2021 as 15:12

O setorial LGBTQIA+ do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) realizou, nesta sexta-feira, 26, o espaço de formação política “Interseccionalidade: feminismos e transativismos”. A atividade contou com a presença de ativistas e parlamentares LGBTQIA+ de todo o país.
A parlamentar Linda Brasil (PSOL) abre o espaço saudando a todas/todes/todos, e expressando a alegria de estar compartilhando a formação com companheiras/es/os de luta. A parlamentar narrou sua trajetória de luta, desde o movimento estudantil, passando pelas organizações LGBTQIA+ e feministas. “A gente sabe que é difícil mudar essa estrutura, mas, com convicção e garra, é possível mudar as coisas. Ao ter acesso a essa nova forma de fazer política, eu me encorajei para me filiar, em 2015, inspirada em pessoas como Luciana Genro, a primeira candidata que ouvi falar sobre transfobia, a corgem de Jean Willys, que acabou me estimulando a me filiar e, em 2016, candidatei-me pela primeira vez.”, lembrou.
Thabata Pimenta (PROS), mulher trans, vereadora eleita no Rio Grande do Norte, também compartilhou dos desafios no parlamento, dominado ainda pelo olhar machista e heteronormativo, e refletiu sobre a situação drástica da pandemia, sobre a perda de sua mãe por Covid-19.
“Tenho tentando preencher esse vazio com a vereança e a atuação porque sei que era isso que mainha queria e sonhava: que eu lutasse pelas nossas/es/os. Mainha era uma mulher lésbica. Depois de muitos anos, conheceu o amor com outra mulher; depois de ter sofrido muito com meu pai, ela encontrou o amor e ela foi e é o espelho, na minha vida, e, graças a ela, eu espelhei a mulher que eu queria ser um dia em uma cidade que não tem nem dez mil habitantes, a qual deu a resposta contra as opressões. Nós mulheres transexuais só precisamos de oportunidade para mostrar que podemos fazer a diferença”, expressou.
A vereadora Linda se solidarizou e colocou que são vivências similares no espaço parlamentar, uma vez que, em Aracaju, apenas 4 parlamentares são mulheres, e a maioria dos vereadores são de situação, em defesa da gestão municipal, e reproduzem comportamentos machistas, transfóbicos e racistas.
“O que me move é acreditar que muitas mulheres LGBTQIA+ ocuparam e ocuparão esses espaços e vão fazer a diferença. Isso que me faz forte e esperançosa por dias melhores.”, declarou Linda.
O ativista Mário Leony (PSOL), membro do Movimento Nacional de Policiais Antifascistas, da Insurgência e membro do setorial LGBTQIA+ do Psol, saudou todas/es/os as/es/os presentes, rendeu homenagens à Tia Neide, amiga e companheira, militante e uma das fundadoras do movimento Mães Pela Diversidade. “Neidinha era voluntária da CasAmor, foi uma das maiores protagonistas até aqui nessa rede de solidariedade que conseguimos formar, levando alegria e assistência a muitos camaradas em situação de vulnerabilidade. Mãe Neidinha era pau para toda obra, estava sempre envolvida em todas as atividades que buscavam levar solidariedade aos/às irmãos/irmãs que estavam em situação de penúria.”, exprime Mário.
Na ocasião, uma bonita homenagem foi feita à Tia Neide e demais vítimas da Covid-19. A artista Carol Acioli, cantou uma música de Maria Gadu pela memória de Neide.
A covereadora Carolina Iara de Oliveira (PSOL/SP), negra, de religião de matriz africana, narrou sua trajetória de luta e de vida e da importância desse espaço de partilha.
“É sempre bom estarmos nessa união entre as mulheres trans, pessoas trans, e essa travestilidade toda que permeia. Nós temos ancestralidade. Eu que sou uma pessoa intersexo e fui mutilada na infância, isso gera uma dor e um impacto muito forte; é o desrespeito dessa sociedade que quer estabelecer uma ordem social baseada no patriarcado. A diversidade é permitida pela natureza, e a cultura patriarcal e capitalista faz com que a natureza seja podada”, evidenciou.
A vereadora Erika Hilton (PSOL/SP) também se pronunciou, na atividade, e discorreu sobre a sua experiência enquanto mulher trans e negra e o quanto são desgastantes os enfrentamentos às diversas formas de opressão diariamente.
“Eu tenho visto o quanto nós estamos atuando em muitas frentes, ao mesmo tempo, tentando encontrar essas intersecções, essas respostas. Não só entre os feminismos, mas entre os transfeminismos. A Thabatta, que eu não conhecia, desejo muita força, e para todas que estão atuando no nordeste e que encontram também muitas barreiras. Estamos mostrando um jeito muito generoso de fazer política, nossa metodologia não é segmentada, não é apenas para travestis, nós somos forjadas numa série de intersecções, numa série de outras coisas que nos atravessam, seja por pessoas das nossas famílias, seja pelos lugares por onde passamos, seja das nossas construções políticas. ”, enfatizou.

 

Laila Oliveira

Ascom/Mandata de Linda Brasil