Durante a votação do relatório do senador Esperidião Amin (PP-SC) sobre o projeto de lei que visa reduzir as penas dos condenados pelos atos do dia 8 de janeiro de 2023 — o chamado PL da Dosimetria —, na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, nesta quarta-feira (17), o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) fez uma declaração considerada bombástica, mas que, por incrível que pareça, foi pouco explorada pela grande mídia.

Em determinado momento da sessão que analisava o relatório de Amin, o senador pediu a palavra para fazer uma explicação. Ele iniciou dizendo que era um “defensor da democracia” e que respeitava a decisão da maioria. No entanto, afirmou que um aspecto de todo o processo de tramitação do PL da Dosimetria no Senado vinha lhe causando incômodo.

“É isso o que está acontecendo aqui, a céu aberto, mas, nos bastidores, o que está acontecendo é um grande acordo que envolve diretamente o ministro Alexandre de Moraes, que se entende no direito de interagir com senadores e deputados sugerindo, inclusive, texto — inclusive texto —, enquanto, ao mesmo tempo, na tribuna da Suprema Corte, verbaliza o contrário: verbaliza que o Congresso vai muito mal quando sinaliza para a sociedade”, afirmou Alessandro Vieira.

O senador também disse que a aprovação do PL da Dosimetria foi resultado de um acordo entre o governo Lula, parte da oposição e o ministro Alexandre de Moraes. “Falo do ministro Alexandre porque este eu posso afirmar, com absoluta tranquilidade, que interagiu com senadores por diversas vezes em defesa desse texto”, disse.

Vieira ressaltou ainda que a criação de “falsos heróis”, em referência à idolatria em torno do nome de Moraes, é algo que costuma ocorrer com facilidade no país e que isso, de certa forma, torna o debate político confuso e com pouca credibilidade.

“Estamos votando esse texto. Esse texto vai beneficiar as pessoas que foram usadas como massa de manobra, sim, e isso é bom; ao mesmo tempo, vai beneficiar lideranças do movimento dito golpista, o que não é bom, mas o conjunto da obra é resultado de um acordo, que se reconheça isso”, afirmou Vieira.

O senador votou a favor do PL da Dosimetria.

Por Marcos Antônio, correspondente exclusivo do Sergipe Notícias em Brasília